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domingo, 14 de agosto de 2011

Impressões

É estranho observar como o tempo muda as coisas. Os lugares se tornam diferentes, embora sejam os mesmos lugares. Quero dizer que as sensações que algo lhe transmite são únicas.
Não sei dizer se feliz ou infelizmente, pois as impressões dos lugares se tornam nem piores, nem melhores, apenas diferentes.
Lembro-me da escola, que para mim não foi uma experiência tão boa, com certa tristeza e dor, quando é chegada à época das eleições, entro por aqueles portões azuis como se estivesse indo para a jaula para ser devorada pelos leões famintos, mas quando dou o primeiro passo adentro vejo que aquele foi o meu tormento por muito tempo, mas hoje aquele mundo já não é meu. Existem muitos outros jovens ocupando a vaga que um dia foi minha e tendo sentimentos talvez mais nobres que os meus.
Olho para os lados tentando encontrar algum rosto conhecido e não vejo nada. Saio aliviada por saber que o tempo passou e que hoje posso fazer diferente e ser o que realmente sou, sem medo ou vergonha.
Profissionalmente é a mesma coisa, não adianta retornar a um antigo emprego acreditando que tudo voltara a ser igual, isso é uma ilusão. As pessoas mudam, algumas saem, outras substituem e a vida acontece para todos. Cada um seguindo o seu destino.
Podemos pensar que talvez isso tudo seja uma droga, mas o que já foi, foi e não volta mais. Não adiante chorar, espernear, bater, gritar, não adianta nada.
Por outro lado é muito bom saber que tudo muda o tempo todo. É muito bom poder rir das suas bizarrices e pensar: Como eu pude fazer isso? Sem a dor de querer mudar e sim ter a capacidade de entender que o tempo era outro e lhe permitia fazer o que foi feito.
Tenho vontade de ir até a casa que minha avó morava em Santo Amaro, quero ver como está aquela casinha pequenininha que ficava atrás das bananeiras e que me fez tão feliz brincando de peixe. Eu enchia um saco transparente de água do tanque e colocava várias cascas de laranjas, os peixes, e ali eu era capaz de passar a tarde toda brincando sozinha. Parava apenas quando minha avó me chamava para jantar e depois fazer a sessão das frutas e depois a sessão dos doces. Essa última era bem curta, pois minha avó tinha diabetes e como ela não ligava muito para a doença, meu avô falava: Dôoo, só um pedacinho!!!
Ela fingia obedecer e ele fingia também comer só um tequinho quando na verdade corria para o banheiro comer os doces escondidos para que ela não ficasse com vontade.
Queria voltar lá para ter isso de volta, mas isso seria impossível, pois quem fazia com que tudo isso acontecesse já não está mais lá, nem a Dô, minha vozinha Dolores e nem o Gê, meu vozinho Germano.
Ficam as saudades e a lembrança de um tempo bom.