Powered By Blogger

domingo, 11 de julho de 2010

Boletim médico da semana

Há uma semana estou sentindo uma dorzinha chata no ouvido, mas por falta de tempo e de vergonha na cara acabei deixando prá lá, esperando para que o problema se resolvesse sozinho.
E como já podia prever ele não se resolveu e o meu quadro se complicou bastante.
Ontem minha orelha começou coçar um pouco e quando olhei no espelho, estava um tanto inchada. Pensei, amanhã quando sair do trabalho passo no hospital e pronto pingo um remedinho e está tudo resolvido.
Dessa vez meu organismo foi mais esperto do que eu e como sabia que eu ia esquecê-lo novamente, decidiu dar seus pulinhos e me lembrou a noite toda latejando e crescendo como sinal de protesto. Ela não parava de crescer, e de hora em hora eu acordava, colocava a mão sobre ela que continuava a crescer.
Comecei a rezar para que ela não explodisse antes do amanhecer.
Quando acordei, confesso que com medo, olhei no espelho e minha orelha direita ainda estava lá, mas a ponto de explodir, 3x maior do que o normal, com o meu lóbulo parecendo um tomatinho cereja, na verdade estava mais para um caqui maduro. Entrei em um estado de pânico aparentemente moderado e fui até o hospital... 2 horas e 50 minutos após a minha entrada, fui chamada pela médica que durante a minha espera falava com os outros médicos, dava beijinhos de bom dia, comia seu croassaint, arrumava a sala, e calmamente caminhava pelos corredores sem chamar nenhum dos 106 pacientes que estavam aguardando (minha senha era 97), eu e todas as outras pessoas começamos a ficar indignados com a falta de respeito com o ser humano e passamos a reclamar o que também entrou por um ouvido e saiu pelo outro, ouvido deles é claro, porque no meu não tinha espaço mais prá entrar nem prá sair nada.
Enfim, fui atendida. Diagnóstico: Infecção.
Três dias de molho em casa, em casa mesmo porque fizeram um curativo com gaze, pomada e enfaixaram toda a minha cabeça. Sendo assim não tenho como sair de casa uma vez que pareço fugitiva do hospício.
E aí como estava sozinha no hospital, pois o carro da minha mãe estava no mecânico, voltei de ônibus. Imagina só a cara das pessoas. Imaginou?
A sensação que me deu foi de doença contagiosa, todos me olhavam estranhamente e quando entrei na lotação, lotada, por incrível que pareça ninguém se sentou ao meu lado. Quando desci, no percurso até em casa, as pessoas davam um passinho prá trás. Será que elas pensaram que eu poderia pegar um porrete a qualquer momento e sair correndo atrás delas? Sinceramente não sei até que ponto vai à ignorância humana.
Eu ri prá não chorar, pois a final de contas ainda tenho duas orelhas, ta certo a direita ainda está inchada e pulsando, mas já estou tomando três medicamentos e pingando outro para que ela finalmente deixe de ser uma fruta e volte ao seu estado normal na qualidade de orelha.
Daqui por diante pretendo assinar um contrato com elas, não vou ser bobona, imagina só se o ouvido esquerdo fica com ciúme e se revolta também? Vou colocar as seguintes cláusulas: a-) Não cutucá-las mais com cotonetes, b-) Secá-las bem direitinho após o banho, c-) Agasalhar as duas com uma touca no inverno e a última cláusula e mais importante, d-) Ouvi-las ao primeiro chamado.
Eu só fiz uma exigência, disse para que elas nunca, mas nunca mais mesmo brinquem de mutação da espécie e se conformem em ser orelhas, pois tomates e caquis sempre serão tomates e caquis e nunca orelhas.
Elas assinaram e eu também, assim, voltamos a ser uma pessoa e duas orelhas.